
PÉ DE ALGAROBA
Durante toda a nossa vida procuramos entender a nossa origem ou descobrir o nosso passado. Com os avanços da tecnologia, descobrir nossa linhagem ficou cada vez mais simples. As revelações quanto ao nosso passado é que até hoje não são exatas ou, na maioria dos casos, aceitáveis. Quando falamos em vidas passadas (para quem acredita) é comum todas as “evidências” apontarem para a nobreza. Não se ouve falar que alguém que fez uma regressão de vidas passadas, tão difundida nos consultórios de psicanálise em todo o mundo, descobriu ter sido um escravo, prostituta ou ladrão, que viveu na África ou em pequenos países asiáticos. Quase todos os resultados apontam para uma vida nos castelos europeus. São todos nobres. No máximo, um revolucionário camponês de cabelos loiros e bochechas rosadas.
Comigo a coisa aconteceu de uma forma mais modesta e bem diferente. Acordei assustado no meio da noite com um sonho que, para mim, foi bastante revelador. Estava em uma sala com mais outras pessoas quando de repente chegaram uns homens em seus cavalos. Lembro-me de serem três. Todos com um ar bastante misterioso e, dava para perceber, armados. No primeiro momento não era percebida a intenção do bando que se aproximava, mas no desenrolar do sonho (neste momento, se contássemos como novela, seria o quarto capítulo) já dava para entender a intenção da “visita”. Lembro-me de ficar espreitando toda a movimentação que acontecia em uma imensa casa que, pela decoração para a região em que o acontecimento se desenvolvia, era de gente muito abastada. Eram salões imensos com enormes cortinas. Em um desses salões espiava a conversa entre o dono da casa e o que parecia ser o chefe daquele grupo recém chegado. Via nos seus olhos a intenção de matar.
Como só em sonhos acontece, lá estava eu, repentinamente, de arma nas mãos. Era um rifle de grande porte com o qual eu me esgueirava com muita destreza pelos cantos da casa. O objetivo era intervir se necessário. Não saiu um tiro, mas a sensação estava alí.Tinha incorporado a figura de um ágil guerreiro. Não um gerreiro nórdico das highlands escocesas . Na verdade remetia ao Nordeste brasileiro. Nordeste do cangaço de Virgulino. O sertão de Corisco, de Dadá.
Era como eu me sentia: um cangaceiro. E dos bons! Talvez aí esteja a explicação para o meu fascínio por armas brancas e o bom domínio com armas de fogo. Além da visão e audição aguçada.
E minha cara nunca negou. Sou nordestino desde outras gerações, ou melhor, desde outras vidas. Mas ser nordestino é legal. Só vou tentar me acostumar com as novas raízes. Quem me dera agora um pé de algaroba pra armar uma rede!
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial