18.1.07


“Pilatalia”

Lembro-me como se fosse hoje, quando, pequeno, via meu pai chegar do porto de Cabedelo (cidade portuária que faz parte da grande João Pessoa, minha terra natal) com alguns produtos comercializados pelos tripulantes das embarcações que ali faziam parada. Eram “inofensivos” frascos de perfumes Paco Rabanne e Azarro. Eram produtos raros (verdadeiros ou não) que ficavam trancafiados no guarda-roupa. Às vezes ele trazia algumas garrafas de uísque que nunca chegava a abrir. Acho que lá em casa é o único lugar onde se pode encontrar um “legítimo” J&B de 25 anos. Está lá no bar até hoje, pode conferir. Acho que a única vez que meu pai abriu uma dessas garrafas foi no aniversário de quinze anos de uma das minhas irmãs. Era quase uma preciosidade. Difícil de conseguir. Hoje, a coisa mudou totalmente de figura. É muito simples conseguirmos produtos importados em quase todos os lugares. A internet favoreceu bastante esta disseminação de artefatos estrangeiros através das compras on-line, sejam eles legítimos ou não. E, geralmente, não são. Mesmo nas grandes lojas, hoje, é difícil você ter a certeza de estar comprando um produto importado original. Aliás, até os selos de garantia são copiados com perfeição. Lembro-me quando sonhava em ter um par de tênis importado que só podia ver nas revistas especializadas. Hoje, em qualquer banquinha de camelô tem, até mais requintados.

Tudo começou com os bonés. Lembra da febre? Ter um boné do Chicago Bulls ou dos Lakers, por exemplo, te fazia ser “o cara”. Agora, boné não tem mais nem graça. Os shoppings estão cheios de bonés, camisas e tênis pirateados. Assim mesmo, na cara de pau. Perfumes e óculos então, nem se fala. A pirataria está institucionalizada. É só você dar uma volta nas principais ruas do comércio local e você vai encontrar diversos comerciantes brasileiros e estrangeiros (na maioria, coreanos) com lojas montadas só com “plodutos pilatas”. E você ainda tem a facilidade de parcelar sua “compla” no cartão de “clédito”. Pode acreditar. Ficou muito mais fácil. Camiseta pólo é o xodó de todo mundo: Tommy Hilfiger e Lacoste saem como água. É só ter calma e procurar uma em que o jacaré não esteja com a boca muito aberta. Há alguns dias conversava com um amigo quando olhei para a camisa dele e senti a falta do cavaleiro sobre o cavalo da marca da grife Rauph lauren. Ele, rindo, me disse que o cavaleiro não tinha agüentado uma lavagem e havia caído do cavalo. É assim que ficamos. CD e DVD nem vale comentar. Ficou mais comum do que se imagina. Eu mesmo pirateio os dos meus amigos e converto-os para mp3 para ouvir no meu Ipod. Assumo: sou parte da culpa. Uma parte em bilhões. Talvez se as autoridades impedissem a facilidade com que estes produtos são vendidos atualmente, e baixassem o volume de impostos para a aquisição dos produtos nacionais, as coisas mudassem de figura. Agora me dê licença que vou trocar as baterias do meu relógio Nike que já acabaram pela terceira vez. Um dia a coisa muda. Pode “acleditar”!

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Ok!

segunda-feira, 22 janeiro, 2007

 

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