Há muito tempo tenho este texto guardado e sei que seu exemplo foi e continua sendo muito útil para mim até hoje. Na verdade ele retrata uma situação que acontece em vários segmentos profissionais.
Leiam. Vai valer a pena!
O BICHINHO DO Ã-RÃ
O chefe de reportagem de um jornal carioca decidiu dar uma chance à estagiária recém-chegada da PUC que, além de esteticamente jeitosa, adentrava a redação com um desembaraço de quem tem mesmo jeito para a profissão:
- Você conhece o trabalho de Claude Monet?
- Ã-rã.
- Sabe a importância que ele teve no movimento artístico impressionista?
- Ã-rã.
- Então eu queria que você fizesse uma grande reportagem para a edição de domingo sobre a exposição de Monet no Museu Nacional de Belas Artes, o.k.?
- Ã-rã. Você tem o telefone dele?
- Dele quem?
- Do Cloude, uai!
Calcula-se que 97% dos universitários diplomados chegam ao mercado de trabalho pós-graduado em "ã-rã", um recurso de oratória freqüentemente utilizado em barzinhos de faculdade por quem não está entendendo a conversa, mas tem vergonha - ou preguiça - de pedir esclarecimento. Inofensivo na hora do recreio, o truque pode ser fatal quando empregado em ambiente de trabalho.
Ao invés de repórter contratada, a estagiária da PUC virou piada em todas as redações cariocas por causa desta história de querer entrevistar alguém que morreu em dezembro de 1926. Talvez não tivesse abortado prematuramente a sua carreira se, humildemente, perguntasse ao chefe quem é mesmo Claude Monet. Melhor desconhecer o defunto do que tentar falar com ele, não é?
Eis um conselho a quem está batendo a porta do mercado de trabalho: Pergunte, encha a paciência dos mais experientes ao seu redor, pois é assim que se aprende. O pior ignorante é aquele que finge entender o que não sabe - este não tem cura.
A autoconfiança é uma burrice que a gente aprende na escola. Leva a fama de burro - ou chato - o menino que levanta o dedo para tirar duvidas, que, em geral, são de todos na classe. O brasileiro, como se sabe, tem a pretensão de já nascer sabendo.
Vivemos em um país de gente sabida, mas não se iluda, quase todo sujeito competente no trabalho foi um chato em sala de aula. Vence na vida quem diz "não". "Não" entendi, "não" sei, "não" conheço, "não" fui, "não" disse, "não" vi, "não" li, "não" sei como escrever...
Tem futuro também, quem procura saber quem, quando, como, onde e por quê. Vamos lá: tente, pergunte, revele-se, aprenda. Fique inseguro, libere seu nervosismo, nenhum trabalho é bem realizado quando quem está por trás dele não tem dúvidas sobre o acerto daquilo que está fazendo. Não deixe que o bichinho do "ã-rã" faça de você um bobão do mercado de trabalho.
(Autor desconhecido - recebido por email)