17.11.08

A força está em nós

Ano novo chegando... E as promessas de sempre começam a ser lançadas para um novo tempo que se iniciará em breve. Parar de fumar, de beber, emagrecer, reformar a casa, o próximo filho, estudar mais... Tudo fica, religiosamente, sempre para o ano que vem. Como cumprir então tais promessas? Trocar aquela cerveja amiga por um bom suco de laranja, aquele filé a parmegiana por um bom prato de salada tropical ou aquela picanha sangrenta por uma lasanha verde nem sempre é fácil. Mas quem foi que disse que, realmente, é preciso trocar?
Que tal dosarmos o que realmente gostamos e reaprendermos a gostar de uma forma diferente. A cervejinha de cada dia precisa acabar? Nunca. Mas por que a cervejinha tem que ser de “todo dia”? Pode ser apenas do fim de semana. Do “de vez em quando”. Não pode?

Uma boa bebida e uma mesa farta são sempre bons motivos para reuniões entre amigos. O ser humano foi acostumado através dos tempos a beber e comer para festejar. Rituais que unem, mas não são imprescindíveis em nossas vidas.

O alimento é vital, mas não no excesso e de todas as formas. O homem sempre procura subterfúgios para fazer e manter amizades. Esquece muitas vezes como é fascinante apenas conversar e olhar nos olhos de uma pessoa verdadeiramente amiga, sem estar cercado por pratos gordurosos ou sob o domínio do álcool. Estas muletas criadas pelo distanciamento do homem de si próprio é que realmente vem fazendo com que a vida, mesmo maravilhosa como é, seja, cada vez mais, banalizada.

As fugas acontecem de diversos modos. Conheço pessoas que fumam por encontrarem na droga lícita uma das poucas opções capazes de suprirem a carência deixada em cada uma delas por diversos motivos: falta de autoconfiança, desamor... Conheço quem já tenha largado o cigarro e a bebida após porres homéricos; voltou a fumar; a beber; parou de fumar, parou de beber, está fumando novamente e se arrepende da burrada que fez. Também conheço pessoas que se escondem por não acreditarem em si mesmas e dizem que tanto faz o fato de beber ou fumar. Algumas até, através do humor (com tons de sarcasmo) defendem idéias absurdas sobre o uso de tais substâncias.

Dentro de todo este universo também conheço algumas que apostaram em serem felizes sem gritarem, espernearem ou almejarem mudar o mundo. Só mudando a si mesmo. Vivendo com tudo que gosta e sabendo do que gostar.

Afinal, por que uma garrafa de vinho se o sabor e o aroma das uvas estão presentes com maior intensidade sempre no primeiro gole? Nem sempre, o prato quente tem mais sabor. Então, por que não reinventar os amigos e as amizades sem esquecer a essência de tudo? Não há razão para distanciamentos se podemos criar novas fórmulas. Basta tentar. É preciso tentar.
É hora de reinventar a vida. As dificuldades aparecem e sempre aparecerão.
Mas a força está sempre em nós.