10.5.07


Reféns

Sabe aquelas coisinhas que insistem em nos perseguir todo dia? Acabamos ficando reféns delas, não é verdade? Há cerca de 1 mês venho confirmando, constantemente, essa minha teoria. Você acredita que estou quase entrando em depressão (exagero, lógico) por causa de um celular que recebi da empresa onde trabalho. É verdade. Um pobre e mísero aparelho que está, entre outros, aporrinhando a minha vida. O bicho é grande. Parece uma calculadora científica (daquelas ‘pretonas’ da HP). E a agonia está justamente nisso: o tamanho do rapaz. Já rodei a cidade inteira. Passei por shoppings e camelôs para tentar encontrar, em vão, uma singela capinha para ele. Como o trambolho é grandinho mesmo, e larguinho também, vive caindo da minha mão (falta aquela tal de ergonomia). Será que ninguém lembrou que poderiam oferecer junto com o kit do celular uma simples capa de proteção. Poderia ser até daquelas bem bregas de pendurar na cintura. Sinceramente, ficaria horrível, parecendo esses aparelhinhos que o pessoal usa para fazer exame do coração. Mas quebraria o galho. Porque uma coisa tão simples nos consome tanto, ao ponto de ficarmos reféns da situação? São 15 dias exatos que outra invenção tecnológica tem me tirado a paciência. E, justamente, quando mais se fala em aquecimento global. Temperatura subindo, o clima sendo destruído, 38º na sombra, e meu ar-condicionado quebra sem um pingo de cerimônia. Quebrou e pronto! Acho que foi de propósito. Afinal, ao contrário do celular do qual falava no início, ninguém fala com o ar-condicionado. Nem sequer olhamos para ele. Fica ali, parado num canto de parede e, de repente, bate uma crise existencial e ele... Pronto: simplesmente, pára. Agora, imagine uma sala com seis pessoas trabalhando trancadas sem um farelo de ar entrando pelas janelas. Aliás, nem adianta abrir as janelas. A sala fica em um corredor que não há circulação de ar de forma alguma. A não ser, pelo soberbo e imprescindível Ar-condicionado. Filho de uma puta! Só ciúmes. Pode acreditar (se fosse pelo menos um split). Agora, são seis reféns de uma vez só. Isso é só para nos mostrar que ele pode mais que o celular. Mais do que a gente. Não dá para ficar soprando nem abanando o colega ao lado. Só ele faz isso. Ou melhor, fazia. E agora? Esperar voltar. Talvez agora devêssemos prestar um pouco mais de atenção no barulho ensurdecedor que ele faz, para ver se ele se tranqüiliza e fica mais autoconfiante (será que devo conversar com ele todo dia de manhã cedo?). E se eu disser que desde ontem estamos sem internet aqui na sala? Sabe aquela sensação de ficar fora de mundo? Mas essa já é uma outra história...